![\"\"](\"https:\/\/agribrasilis.com\/wp-content\/uploads\/2023\/06\/hn-agro-cara.jpg\")
Hyberville Neto<\/strong>, diretor da HN AGRO<\/p><\/div>\n AgriBrasilis – Como tem se comportado as exporta\u00e7\u00f5es brasileiras de carne bovina para a China?<\/strong><\/p>\n Hyberville Neto –<\/strong> Em maio foram exportadas 111 mil toneladas de carne bovina in natura<\/em> para a China, um aumento de 16,5% ante o mesmo m\u00eas de 2022. Comparado com abril, o acr\u00e9scimo foi de 173,5%. Em abril as vendas ao pa\u00eds ainda sentiam o efeito da suspens\u00e3o ocorrida entre o final de fevereiro e o final de mar\u00e7o, relacionada ao caso at\u00edpico de Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB, ou \u201cdoen\u00e7a da vaca louca\u201d).<\/p>\n Em rela\u00e7\u00e3o aos pre\u00e7os, houve aumento mensal de 2,8% na cota\u00e7\u00e3o m\u00e9dia da carne vendida \u00e0 China em maio, com m\u00e9dia de US$ 5,25 mil\/t. No entanto, o patamar est\u00e1 27,2% abaixo do observado no mesmo m\u00eas de 2022, quando a cota\u00e7\u00e3o estava em US$ 7,22 mil\/t (Secex).<\/p>\n Outro ponto que pode ser observado \u00e9 que, apesar dos pre\u00e7os menores na compara\u00e7\u00e3o anual, tanto para China, como para os demais clientes, os valores que a China tem pagado a mais do que os outros clientes aumentou nos \u00faltimos meses. Em dezembro e janeiro, a cota\u00e7\u00e3o m\u00e9dia da carne exportada para a China foi 0,4% e 2,5% superior \u00e0 das exporta\u00e7\u00f5es para os demais destinos, respectivamente. Em abril e maio, essa rela\u00e7\u00e3o foi de 11,1% e 9,5%, respectivamente.<\/p>\n AgriBrasilis – Como o embargo chin\u00eas afetou os estoques de carne bovina no Brasil?<\/strong><\/p>\n Hyberville Neto –<\/strong> A oferta maior de gado em 2023, relacionada ao ciclo pecu\u00e1rio, se somou ao escoamento mais fraco das exporta\u00e7\u00f5es e aumentou a oferta de carne no mercado dom\u00e9stico, desvalorizando o boi, a carne no atacado e, mais sutilmente, os pre\u00e7os no varejo.<\/p>\n Apesar de quedas para os pecuaristas e no atacado, a margem de comercializa\u00e7\u00e3o do frigor\u00edfico, considerando o mercado dom\u00e9stico, est\u00e1 interessante. Segundo dados do Cepea, na m\u00e9dia parcial de junho, a cota\u00e7\u00e3o da carca\u00e7a no atacado supera em 5,5% o pre\u00e7o pago pelo boi gordo, o que \u00e9 a melhor rela\u00e7\u00e3o desde outubro de 2021.<\/p>\n AgriBrasilis – O que causou a queda de 18,5% na cota\u00e7\u00e3o do boi gordo em 2023? Quais s\u00e3o os efeitos no curto e m\u00e9dio prazo?<\/strong><\/p>\n Hyberville Neto – <\/strong>A maior oferta de gado para abate associada a uma demanda dom\u00e9stica moderada causou essa queda. Segundo o IBGE, no primeiro trimestre os abates de bovinos aumentaram 4,8% na compara\u00e7\u00e3o com 2022, puxados principalmente pelo aumento da oferta de vacas (18,7%) e novilhas (15,7%).<\/p>\n No mercado internacional, a expectativa do USDA para o ano \u00e9 de mais um recorde de volume exportado pelo Brasil, mas o in\u00edcio de 2023 foi conturbado pela suspens\u00e3o de vendas \u00e0 China. Como citado, as vendas est\u00e3o acelerando novamente e, apesar de pre\u00e7os menores, na compara\u00e7\u00e3o com 2022 os volumes t\u00eam sido bons.<\/p>\n AgriBrasilis – As proje\u00e7\u00f5es positivas para o consumo de carne bovina podem segurar essa diminui\u00e7\u00e3o dos pre\u00e7os?<\/strong><\/p>\n Hyberville Neto –<\/strong> A expectativa do USDA \u00e9 de aumento do consumo total de carne bovina no Brasil em 1,3% em 2023, na compara\u00e7\u00e3o com 2022.<\/p>\n Essa expectativa de aumento est\u00e1 relacionada ao acr\u00e9scimo da oferta de carne (de f\u00eameas), relacionado ao ciclo pecu\u00e1rio. Com oferta maior de carne, se a exporta\u00e7\u00e3o n\u00e3o escoar todo o \u201cadicional\u201d dispon\u00edvel, a tend\u00eancia \u00e9 que os pre\u00e7os caiam e isso estimule o escoamento no mercado interno, ainda que o poder de compra da popula\u00e7\u00e3o esteja moderado.<\/p>\n AgriBrasilis – Como os pre\u00e7os est\u00e3o hoje em rela\u00e7\u00e3o aos \u00faltimos doze meses? Qual a rela\u00e7\u00e3o\u00a0entre\u00a0o pre\u00e7o e o consumo nesse per\u00edodo?<\/strong><\/p>\n Hyberville Neto – <\/strong>Em doze meses, considerando a parcial de junho, o boi gordo cedeu 22,6%, enquanto a carca\u00e7a no atacado caiu 16,7% em valores nominais, segundo dados do Cepea.<\/p>\n Considerando as varia\u00e7\u00f5es do IPCA, na m\u00e9dia dos cortes bovinos acompanhados, a carne bovina cedeu 6,0% nos doze meses, considerados at\u00e9 maio (\u00faltimo IPCA dispon\u00edvel).<\/p>\n Ou seja, tivemos recuos maiores para o boi gordo do que no atacado, melhorando a margem de comercializa\u00e7\u00e3o da ind\u00fastria no mercado dom\u00e9stico, e tivemos quedas mais relevantes no atacado que no varejo, onde a margem de comercializa\u00e7\u00e3o tamb\u00e9m melhorou.<\/p>\n AgriBrasilis – Como as oscila\u00e7\u00f5es de custos impactam o pre\u00e7o final para o consumidor? Qual a tend\u00eancia para 2023?<\/strong><\/p>\n Hyberville Neto \u2013<\/strong> Os custos influenciam a atratividade econ\u00f4mica de qualquer atividade, ou seja, estimulam ou desestimulam a produ\u00e7\u00e3o, o que pode impactar os pre\u00e7os futuros. N\u00e3o \u00e9 uma transmiss\u00e3o autom\u00e1tica e nem ocorre sempre, mas existe essa rela\u00e7\u00e3o.<\/p>\n Na avicultura, por exemplo, \u00e9 comum que ocorram ajustes de alojamento em fun\u00e7\u00e3o de margens apertadas ou negativas. Isso diminu\u00ed a produ\u00e7\u00e3o e colabora com os pre\u00e7os posteriormente.<\/p>\n Pensando no momento da pecu\u00e1ria de corte, temos custos com alimenta\u00e7\u00e3o em queda e custos com reposi\u00e7\u00e3o contidos h\u00e1 algum tempo. Por um lado, isso colabora com a inten\u00e7\u00e3o de confinamento (que seria mais oferta adiante). No entanto, as quedas de pre\u00e7os de venda observadas nos \u00faltimos meses, tanto no mercado f\u00edsico, quanto nos futuros, afetaram as proje\u00e7\u00f5es de resultados e o \u00e2nimo do produtor em confinar.<\/p>\n Como as cota\u00e7\u00f5es do milho cederam bem no passado recente, \u00e9 poss\u00edvel que isso anime o produtor a fechar o gado, mas n\u00e3o esperamos uma oferta grande de confinamento no segundo semestre. Um cen\u00e1rio de confinamento t\u00edmido colabora com os pre\u00e7os em algum n\u00edvel. N\u00e3o podemos esquecer que 2023 \u00e9 um ano de mais oferta, por isso n\u00e3o esperamos altas fortes de pre\u00e7os, mas alguma valoriza\u00e7\u00e3o pode ocorrer na segunda metade do ano.<\/p>\n Pensando no consumidor final, a tend\u00eancia \u00e9 que o mercado do boi gordo ganhe firmeza com a entressafra, o que deve sustentar pre\u00e7os ao longo da cadeia. O consumo dom\u00e9stico um pouco melhor na segunda metade do ano, com destaque para o \u00faltimo trimestre, tamb\u00e9m n\u00e3o deve exigir que o varejo devolva muito das suas margens, o que deve manter os pre\u00e7os ao consumidor sustentados, com poss\u00edveis valoriza\u00e7\u00f5es, mas moduladas pela economia.<\/p>\n
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