![\"\"](\"https:\/\/agribrasilis.com\/wp-content\/uploads\/2023\/06\/suterra-cara.png\")
Paulo Rivara<\/strong>, gerente de opera\u00e7\u00f5es de vendas da Suterra<\/p><\/div>\n AgriBrasilis – O que \u00e9 o controle de pragas atrav\u00e9s da interrup\u00e7\u00e3o do acasalamento?<\/strong><\/p>\n Paulo Rivara –<\/strong> \u00c9 uma estrat\u00e9gia utilizada para reduzir a popula\u00e7\u00e3o de insetos nocivos nas lavouras de forma mais sustent\u00e1vel e ambientalmente correta.<\/p>\n Ferom\u00f4nios s\u00e3o subst\u00e2ncias qu\u00edmicas que os insetos liberam no ar para atrair indiv\u00edduos do sexo oposto durante o processo de acasalamento. Quando a f\u00eamea adulta est\u00e1 na fase reprodutiva, ela libera um sinal qu\u00edmico que permite que os insetos machos distantes as encontrem e se reproduzam.<\/p>\n A t\u00e9cnica de interrup\u00e7\u00e3o do acasalamento consiste em interferir nessa comunica\u00e7\u00e3o, saturando \u00e1reas da lavoura com ferom\u00f4nios sint\u00e9ticos, que imitam os ferom\u00f4nios sexuais da f\u00eamea. Esses produtos confundem os insetos machos e os desviam das f\u00eameas reais, impedindo a reprodu\u00e7\u00e3o das pragas.<\/p>\n AgriBrasilis – Qual \u00e9 o mercado de semioqu\u00edmicos no Chile? Para quais culturas e pragas esses produtos s\u00e3o destinados?<\/strong><\/p>\n Paulo Rivara –<\/strong> O mercado de semioqu\u00edmicos no Chile est\u00e1 concentrado em ferom\u00f4nios de interrup\u00e7\u00e3o do acasalamento e iscas para armadilhas utilizadas para monitoramento de pragas.<\/p>\n O mercado de maior interesse \u00e9 o de ferom\u00f4nios de interrup\u00e7\u00e3o do acasalamento para a praga Lobesia botrana <\/em>[tra\u00e7a da videira].<\/em> Essa praga est\u00e1 sob protocolo de controle oficial obrigat\u00f3rio do governo, supervisionado pelo Servi\u00e7o Agropecu\u00e1rio do Chile. Ela ataca os cultivos de videiras (uvas de mesa e para fabrica\u00e7\u00e3o de vinho), ameixas e mirtilos.<\/p>\n Lobesia botrana<\/em><\/p><\/div>\n Em segundo lugar se encontram os produtos baseados em ferom\u00f4nios de interrup\u00e7\u00e3o do acasalamento utilizados para controlar a mariposa Cydia pomonella<\/em> [tra\u00e7a das frutas] em pomeiras e nogueiras, e a mariposa oriental (Cydia molesta<\/em>) no cultivo de frutas de caro\u00e7o.<\/p>\n Em terceiro lugar, tamb\u00e9m existem algumas alternativas de controle para outras pragas em hortali\u00e7as e plantas frut\u00edferas.<\/p>\n AgriBrasilis – Como os semioqu\u00edmicos se comparam aos inseticidas convencionais? Essa alternativa pode substituir completamente os inseticidas?<\/strong><\/p>\n Paulo Rivara –<\/strong> Ao contr\u00e1rio dos inseticidas convencionais, que geralmente s\u00e3o compostos t\u00f3xicos projetados para matar ou controlar insetos diretamente, os semioqu\u00edmicos n\u00e3o s\u00e3o venenosos ou letais. Sua fun\u00e7\u00e3o \u00e9 interromper o processo de acasalamento das pragas.<\/p>\n Quanto ao modo de a\u00e7\u00e3o, inseticidas convencionais costumam ter efeito de contato ou ingest\u00e3o, matando insetos assim que entram em contato com o produto ou o ingerem, enquanto os semioqu\u00edmicos agem confundindo ou interrompendo o comportamento de acasalamento dos insetos.<\/p>\n Outra diferen\u00e7a importante \u00e9 a seletividade. Inseticidas convencionais, por serem mais agressivos, podem ter um impacto negativo em organismos n\u00e3o-alvo, como insetos ben\u00e9ficos, polinizadores ou predadores naturais de pragas. Em contraste, os semioqu\u00edmicos s\u00e3o mais espec\u00edficos e seletivos, visando principalmente as esp\u00e9cies-alvo e minimizando o impacto em outros organismos.<\/p>\n Inseticidas convencionais podem gerar perda de sensibilidade ou resist\u00eancia nas popula\u00e7\u00f5es de pragas ao longo do tempo, o que reduz a efic\u00e1cia do controle. No caso dos ferom\u00f4nios para interrup\u00e7\u00e3o do acasalamento, essa pr\u00e1tica n\u00e3o exerce press\u00e3o seletiva para desenvolvimento de resist\u00eancia, j\u00e1 que n\u00e3o afeta diretamente a sobreviv\u00eancia das pragas.<\/p>\n Tanto os semioqu\u00edmicos quanto os inseticidas convencionais t\u00eam seu lugar no manejo integrado de pragas. Dependendo do contexto e das caracter\u00edsticas da praga em quest\u00e3o, diferentes abordagens podem ser combinadas para alcan\u00e7ar um controle eficaz e sustent\u00e1vel.<\/p>\n Cydia pomonella<\/em><\/p><\/div>\n AgriBrasilis – No Chile, a lei exige o controle biol\u00f3gico por meio de semioqu\u00edmicos nos vinhedos. Por qu\u00ea isso aconteceu? Quais s\u00e3o os benef\u00edcios desta legisla\u00e7\u00e3o?<\/strong><\/p>\n Paulo Rivara –<\/strong> O controle obrigat\u00f3rio por meio de semioqu\u00edmicos \u00e9 espec\u00edfico para a praga Lobesia botrana<\/em>. Essa praga \u00e9 quarenten\u00e1ria para muitos mercados que s\u00e3o destinos de exporta\u00e7\u00e3o das frutas do Chile.<\/p>\n A Lobesia botrana<\/em> foi detectada pela primeira vez no Chile em 2008, na \u00e1rea de Linderos, Regi\u00e3o Metropolitana. A praga, origin\u00e1ria da Europa, ataca as vinhas do pa\u00eds. A sua larva causa danos diretos, alimentando-se dos cachos de uvas, e causando apodrecimento, desidrata\u00e7\u00e3o das bagas, e grande redu\u00e7\u00e3o de produtividade.<\/p>\n No caso das uvas de mesa, a presen\u00e7a dessa praga \u00e9 condi\u00e7\u00e3o de imediata rejei\u00e7\u00e3o por parte dos compradores, principalmente em destinos onde o inseto est\u00e1 ausente (EUA e China, por exemplo).<\/p>\n Depois de alguns anos tentando controlar essa mariposa apenas com uso do controle qu\u00edmico, em 2016\/17 as autoridades sanit\u00e1rias decidiram utilizar semioqu\u00edmicos como padr\u00e3o de controle obrigat\u00f3rio. Atrav\u00e9s desse plano de erradica\u00e7\u00e3o, as popula\u00e7\u00f5es dessa praga t\u00eam permanecido baixas.<\/p>\n AgriBrasilis – Como as altas temperaturas no pa\u00eds afetaram a popula\u00e7\u00e3o de pragas?<\/strong><\/p>\n Paulo Rivara –<\/strong> Altas temperaturas podem impactar significativamente as popula\u00e7\u00f5es de pragas. A rela\u00e7\u00e3o entre as altas temperaturas e a popula\u00e7\u00e3o de lepid\u00f3pteros (grupo a que pertence a praga Lobesia botrana<\/em>) \u00e9 complexa e depende de v\u00e1rios fatores, como as esp\u00e9cies presentes nas lavouras e as condi\u00e7\u00f5es ambientais espec\u00edficas.<\/p>\n Em geral, altas temperaturas podem acelerar o desenvolvimento e o ciclo de vida dos lepid\u00f3pteros. Isso ocorre porque eles s\u00e3o ectot\u00e9rmicos, o que significa que sua temperatura corporal \u00e9 influenciada pela temperatura ambiente. Temperaturas mais altas aceleram o metabolismo desses insetos, o que pode aumentar a taxa de desenvolvimento larval, pupa\u00e7\u00e3o e emerg\u00eancia de adultos.<\/p>\n A acelera\u00e7\u00e3o do ciclo de vida pode ter v\u00e1rias implica\u00e7\u00f5es para a din\u00e2mica populacional. Sob condi\u00e7\u00f5es favor\u00e1veis, as popula\u00e7\u00f5es de lepid\u00f3pteros podem aumentar rapidamente devido a uma maior taxa reprodutiva e sobreposi\u00e7\u00e3o de gera\u00e7\u00f5es. Isso pode resultar no aumento do n\u00famero de indiv\u00edduos e na press\u00e3o da praga sobre as lavouras.<\/p>\n Altas temperaturas tamb\u00e9m podem ter efeitos negativos sobre as popula\u00e7\u00f5es de lepid\u00f3pteros. Temperaturas extremamente altas podem causar desidrata\u00e7\u00e3o, reduzir a disponibilidade de recursos alimentares e aumentar a mortalidade de larvas e adultos. Al\u00e9m disso, temperaturas altas demais podem interromper a sincroniza\u00e7\u00e3o entre a fenologia dos lepid\u00f3pteros e a disponibilidade de suas fontes de alimento, o que afeta negativamente sua sobreviv\u00eancia e reprodu\u00e7\u00e3o.<\/p>\n Algumas esp\u00e9cies podem ser mais tolerantes ao clima mais quente, e apresentar respostas mais favor\u00e1veis, enquanto outras podem ser mais sens\u00edveis.<\/p>\n AgriBrasilis – Qual \u00e9 o papel da Suterra no Chile e na Am\u00e9rica Latina?<\/strong><\/p>\n Paulo Rivara –<\/strong> A Suterra tem um longo hist\u00f3rico de presen\u00e7a na Am\u00e9rica Latina. Nos \u00faltimos dois anos tivemos crescimento significativo em novos produtos no portf\u00f3lio da empresa e na quantidade de parceiros e agricultores que utilizam nossos produtos.<\/p>\n Nossos sistemas de confus\u00e3o sexual est\u00e3o em pa\u00edses como Peru e Col\u00f4mbia, que ainda n\u00e3o tinham tradi\u00e7\u00e3o de uso dessa t\u00e9cnica sustent\u00e1vel. Temos opera\u00e7\u00f5es na Argentina, Chile, Uruguai e M\u00e9xico. Em breve pretendemos expandir para outros pa\u00edses.<\/p>\n Nosso foco tem sido nos frutos de caro\u00e7o, tanto no Chile quanto na Argentina, mas nos \u00faltimos anos passamos a atender lavouras de uvas (mesa e vinho) e tamb\u00e9m estamos trabalhando com cultivos de frutas c\u00edtricas, mirtilos, etc.<\/p>\n AgriBrasilis – O que s\u00e3o sistemas de aerossol puffer? Em que diferem de outras tecnologias de difus\u00e3o de semioqu\u00edmicos?<\/strong><\/p>\n Paulo Rivara –<\/strong> A Suterra \u00e9 uma empresa que se destaca na inova\u00e7\u00e3o. Temos avan\u00e7ado em diferentes plataformas de emiss\u00e3o de ferom\u00f4nios. Atualmente, temos tr\u00eas tipos: ferom\u00f4nios pulveriz\u00e1veis, difusores passivos, e difusores ativos de aerossol patenteados, da marca Puffer.<\/p>\n Os Puffer s\u00e3o dispositivos eletromec\u00e2nicos capazes de liberar o ferom\u00f4nio no ambiente, de forma controlada e uniforme, durante toda a safra. Esse dispositivo n\u00e3o \u00e9 afetado pelas condi\u00e7\u00f5es ambientais, o que permite um uso racional e eficaz do ferom\u00f4nio. S\u00e3o dispositivos programados para emitir os produtos durante o per\u00edodo de maior atividade da praga.<\/p>\n O Puffer \u00e9 capaz de emitir uma concentra\u00e7\u00e3o est\u00e1vel e homog\u00eanea de ferom\u00f4nio em um determinado intervalo de tempo, sem interrup\u00e7\u00e3o, e durante todo o per\u00edodo de voo da praga.<\/p>\n
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