Carolina Matos –<\/strong> As exporta\u00e7\u00f5es brasileiras de arroz tiveram melhor desempenho em 2022, ao comparar-se os \u00faltimos 5 anos, com US$ 657,5 milh\u00f5es e um pouco mais de 2 milh\u00f5es de toneladas vendidas ao exterior.<\/p>\nApesar do incremento ter sido puxado pelo aumento das exporta\u00e7\u00f5es de arroz em casca, o arroz beneficiado continuou representando a maioria das exporta\u00e7\u00f5es do produto (52,4%). Destaque para as exporta\u00e7\u00f5es de arroz integral, que aumentaram 200% com rela\u00e7\u00e3o \u00e0 m\u00e9dia dos \u00faltimos 5 anos.<\/p>\n
Para 2023, tivemos uma safra menor de arroz no Brasil, reduzindo o volume que dever\u00e1 ser exportado. Ao mesmo tempo, temos uma demanda internacional maior pelo produto pela redu\u00e7\u00e3o de safras em grandes pa\u00edses produtores, sobretudo asi\u00e1ticos, abrindo mais oportunidades para diversifica\u00e7\u00e3o das exporta\u00e7\u00f5es brasileiras.<\/p>\n
AgriBrasilis – Quais os nossos parceiros comerciais? Que novos mercados devem ser abertos?<\/strong><\/p>\nCarolina Matos –<\/strong> Os principais destinos das exporta\u00e7\u00f5es brasileiras de arroz beneficiado em 2022 foram Senegal, Cuba e Peru \u2013 juntos, representaram 50% das exporta\u00e7\u00f5es. O produto beneficiado foi exportado para 9 novos mercados, com destaque para Honduras e El Salvador, e registrou aumento consider\u00e1vel das vendas para Arg\u00e9lia, Portugal e Espanha \u2013 aumentos de 17.124%, 13.751% e 1.073% entre 2021 e 2022, respectivamente.<\/p>\nEm 2023 tivemos abertura de um grande mercado consumidor de arroz: o M\u00e9xico. O pa\u00eds eliminou as tarifas de importa\u00e7\u00e3o de 20% para o arroz branco at\u00e9 31 de dezembro de 2023 para conter a infla\u00e7\u00e3o no pa\u00eds. No \u00e2mbito do Brazilian Rice, um projeto da Abiarroz e da ApexBrasil para intensificar as exporta\u00e7\u00f5es de arroz beneficiado, estamos trabalhando ainda para eliminar barreiras na Col\u00f4mbia, no Peru e na Nig\u00e9ria e abrir o mercado chin\u00eas.<\/p>\n
AgriBrasilis – Por que os estoques globais de arroz est\u00e3o caindo e quais as consequ\u00eancias desse processo?<\/strong><\/p>\nCarolina Matos –<\/strong> A cultura do arroz \u00e9 muito afetada pelas altera\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas. Atualmente percebemos que o excesso e a falta de chuvas em diversas regi\u00f5es do mundo, sobretudo na \u00c1sia e no Oriente M\u00e9dio, v\u00eam afetando consideravelmente a produ\u00e7\u00e3o de arroz e, consequentemente, implicando na oferta do produto e intensificando o consumo dos estoques.<\/p>\nO arroz \u00e9 considerado por alguns como um vil\u00e3o do desenvolvimento sustent\u00e1vel por ser um grande emissor de g\u00e1s metano. Mas, a produ\u00e7\u00e3o de arroz no Brasil, 10\u00ba maior produtor de arroz mundial e o maior fora da \u00c1sia, vem sendo um aliado no desenvolvimento sustent\u00e1vel e deve ser considerada como um exemplo a ser seguido pelos pa\u00edses produtores de arroz pelos fatores abaixo:<\/p>\n
\n- Dentre os 10 maiores produtores de arroz, o Brasil \u00e9 o que menos emite g\u00e1s metano, representando 0,5% da emiss\u00e3o do g\u00e1s na produ\u00e7\u00e3o de arroz mundial;<\/li>\n
- A emiss\u00e3o de metano na produ\u00e7\u00e3o de arroz no Brasil caiu 37,2% entre 2010 e 2019, percentual maior que o compromisso global para redu\u00e7\u00e3o de emiss\u00e3o de metano;<\/li>\n
- Os principais produtores mundiais de arroz (China, \u00cdndia e Bangladesh) aumentaram sua participa\u00e7\u00e3o nas emiss\u00f5es de g\u00e1s metano na produ\u00e7\u00e3o de arroz entre 2010 e 2019.<\/li>\n<\/ul>\n
Tais resultados foram poss\u00edveis por um conjunto de pr\u00e1ticas na cadeia. O principal \u00e9 a utiliza\u00e7\u00e3o do res\u00edduo da casca do arroz, grande respons\u00e1vel por emiss\u00e3o de g\u00e1s metano, dependendo de como \u00e9 descartada.<\/p>\n
As alternativas desenvolvidas pela ind\u00fastria do arroz para descarte consciente da mat\u00e9ria consiste na queima da casca para gera\u00e7\u00e3o de energia para os secadores de arroz e de energia t\u00e9rmica para o processo de parboiliza\u00e7\u00e3o. Ainda, empresas j\u00e1 est\u00e3o gerando energia el\u00e9trica a partir da queima da casca, reduzindo a fatura de energia das ind\u00fastrias e contribuindo para o desenvolvimento de pequenas cidades, sobretudo no Rio Grande do Sul.<\/p>\n
As cinzas da queima da casca do arroz est\u00e3o sendo utilizadas para fabrica\u00e7\u00e3o de tijolos, s\u00edlica, cimento e pneus.<\/p>\n
AgriBrasilis – As exporta\u00e7\u00f5es de arroz beneficiado atingem somente 40% da capacidade nacional. Qual o papel das barreiras comerciais, tarif\u00e1rias e n\u00e3o tarif\u00e1rias nesse contexto? Que medidas devem ser tomadas para aumentar esse \u00edndice?<\/strong><\/p>\nCarolina Matos –<\/strong> Temos que levar em considera\u00e7\u00e3o que o Brasil tamb\u00e9m \u00e9 grande consumidor de arroz, ent\u00e3o \u00e9 natural que a maior parte da capacidade nacional seja voltada para o mercado dom\u00e9stico.<\/p>\nNo que tange as barreiras, a primeira \u00e9 enfrentada dentro do pr\u00f3prio Brasil, tendo em vista que as exporta\u00e7\u00f5es de arroz beneficiado s\u00e3o oneradas pelo Funrural, prejudicando a competitividade do nosso produto. Ao comercializar o cereal para a ind\u00fastria, o produtor rural n\u00e3o tem como aferir se o produto ser\u00e1 destinado para a exporta\u00e7\u00e3o ou para o mercado interno.<\/p>\n
No \u00e2mbito internacional, a principal barreira ainda \u00e9 tarif\u00e1ria. De acordo com dados da Organiza\u00e7\u00e3o Mundial do Com\u00e9rcio, a m\u00e9dia da tarifa aplicada ao produto \u00e9 de 18,8%, encarecendo nosso produto no exterior. Isso pode ser sanado com a amplia\u00e7\u00e3o da rede de acordos comerciais do Brasil, sobretudo nas am\u00e9ricas, com acordos com os Estados Unidos, o M\u00e9xico e os pa\u00edses da Am\u00e9rica Central, al\u00e9m da conclus\u00e3o do acordo Mercosul-UE que trar\u00e1 certa abertura do mercado com cotas.<\/p>\n
Outro fator que dificulta o acesso a mercados \u00e9 a n\u00e3o harmoniza\u00e7\u00e3o dos Limites M\u00e1ximos de Res\u00edduos (LMRs) com os padr\u00f5es estabelecidos pelo CODEX Alimentarius. Os LMRs representam a quantidade m\u00e1xima de res\u00edduos de defensivos agr\u00edcolas permitidas nos alimentos. O CODEX Alimentarius, no \u00e2mbito da Organiza\u00e7\u00e3o das Na\u00e7\u00f5es Unidas para Agricultura e Alimenta\u00e7\u00e3o (FAO), promove estudos e reuni\u00f5es com os diversos pa\u00edses membros para o estabelecimento de LMRs para os alimentos. Entretanto, h\u00e1 ainda uma disparidade muito grande entre os LMRs adotados, sobretudo nos pa\u00edses europeus, o que faz com que as ind\u00fastrias tenham que adaptar o produto a ser exportado de acordo com o pa\u00eds comprador.<\/p>\n
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