Gabriela Vieira Silva<\/strong>, s\u00f3cia-fundadora da Agribela.<\/p><\/div>\n
\nBilh\u00f5es de reais s\u00e3o perdidos, anualmente, em decorr\u00eancia do ataque de insetos que se alimentam da cana. Seja na raiz, no colmo, ou nas folhas, o complexo de pragas dessa cultura \u00e9 din\u00e2mico e n\u00e3o tem tempo para \u201cbrincadeiras\u201d. Ent\u00e3o, qual a receita para evitar tamanho preju\u00edzo?<\/p>\n
Antes da resposta, vale ressaltar alguns pontos. O complexo de pragas da cana de a\u00e7\u00facar \u00e9 composto, principalmente, por esp\u00e9cies das ordens Lepidoptera, Coleoptera, Hemiptera, Hymenoptera e Isoptera; exemplificando, broca da cana, bicudo, cigarrinha, formigas cortadeiras e cupins, respectivamente. Cada um desses insetos possui caracter\u00edsticas biol\u00f3gicas e de comportamento marcantes, mas h\u00e1 uma similaridade entre eles: todos ocorrem quando as condi\u00e7\u00f5es, bi\u00f3ticas e abi\u00f3ticas, s\u00e3o prop\u00edcias. Parece \u00f3bvio, mas parte daqui o manejo para driblar os danos que eles podem causar.<\/p>\n
O hist\u00f3rico clim\u00e1tico da regi\u00e3o produtora deve ser o pilar para a elabora\u00e7\u00e3o do programa de controle. Os insetos s\u00e3o reativos a vari\u00e1veis temporais, especialmente temperatura e umidade. O trio broca-cigarrinha-bicudo, por exemplo, apresenta picos populacionais em per\u00edodos onde os \u00edndices pluviom\u00e9tricos s\u00e3o maiores, embora ocorram o ano todo. Assim, os esfor\u00e7os de amostragem e monitoramento devem ser intensificados nessas \u00e9pocas.<\/p>\n
Apesar de n\u00e3o haver n\u00edveis de controle estabelecidos para todas as pragas, na cana-de-a\u00e7\u00facar a literatura e experi\u00eancia do setor d\u00e3o a seguran\u00e7a sobre qual \u00e9 o melhor momento de agir para as principais esp\u00e9cies que ocorrem. Os n\u00edveis de a\u00e7\u00e3o, indicados pelo n\u00famero de indiv\u00edduos\/\u00e1rea ou pelo percentual de inj\u00farias\/\u00e1rea, devem ser criteriosamente seguidos, a fim de que os resultados obtidos sejam os mais eficazes, evitando-se desperd\u00edcios e retardando a ocorr\u00eancia de popula\u00e7\u00f5es resistentes.<\/p>\n
Como ferramentas, dentro do manejo integrado de pragas (MIP) da cana, temos os inseticidas, qu\u00edmicos ou biol\u00f3gicos. Embora n\u00e3o seja a cultura mais representativa em \u00e1rea (s\u00e3o aproximadamente 8,5 milh\u00f5es de hectares no Brasil), \u00e9 uma das mais expressivas em diversidade de produtos. Se olharmos para as possibilidades biol\u00f3gicas, temos vespas parasitoides (Cotesia flavipes, Trichogramma galloi<\/em> e Tetrastichus howardii<\/em>), fungos entomopatog\u00eanicos (Metarhizium anisopliae<\/em> e Beauveria bassiana<\/em>) e bact\u00e9rias (Bacillus thuringiensis<\/em>) sendo utilizados em grandes \u00e1reas. Al\u00e9m disso, os inseticidas qu\u00edmicos, cada vez mais seletivos e menos agressivos ao ambiente, tamb\u00e9m est\u00e3o dispon\u00edveis para todas as pragas.Em posse dos melhores produtos, \u00e9 indispens\u00e1vel a melhor tecnologia de aplica\u00e7\u00e3o. Para os produtos qu\u00edmicos, deve-se priorizar aplica\u00e7\u00e3o terrestre, com bicos e pontas adequados, assim como vaz\u00e3o, respeitando as doses recomendadas.<\/p>\nPara os microbiol\u00f3gicos, deve-se fazer o mesmo: seguir as doses recomendadas, produzir a calda da forma correta, aplicar com as condi\u00e7\u00f5es adequadas.<\/p>\n
Sobre os macrobiol\u00f3gicos (vespas), deve-se ter aten\u00e7\u00e3o especial sobre a qualidade do produto, o tempo de prateleira e condi\u00e7\u00f5es de aplica\u00e7\u00e3o. Hoje, a tecnologia de libera\u00e7\u00e3o desses organismos avan\u00e7ou muito, o que proporciona alta efici\u00eancia.<\/p>\n
Dentro das ferramentas, n\u00e3o podem ser esquecidas as variedades de cana. Sabe-se que cada uma tem suas peculiaridades, como a susceptibilidade ou n\u00e3o a determinadas pragas, al\u00e9m das variedades transg\u00eanicas. A escolha do local correto, com base no hist\u00f3rico de ocorr\u00eancia da praga e caracter\u00edsticas edafoclim\u00e1ticas, \u00e9 condi\u00e7\u00e3o indispens\u00e1vel para o manejo.<\/p>\n
Ressaltados estes pontos, vamos a resposta para a pergunta inicial: n\u00e3o h\u00e1 receita pronta! O manejo integrado de pragas \u00e9 um conceito abrangente e apresenta as premissas para o sucesso do canavial. Cabe aos respons\u00e1veis o entendimento da biologia e comportamento das esp\u00e9cies, o acesso as melhores ferramentas e, especialmente, a tomada de decis\u00e3o\/a\u00e7\u00e3o no momento correto. Assim \u00e9 poss\u00edvel o encaixe perfeito das pe\u00e7as do quebra-cabe\u00e7a do MIP e o sucesso na condu\u00e7\u00e3o do canavial.<\/p>\n
Exemplos de ataques de praga na cultura da cana-de-a\u00e7\u00facar<\/strong><\/p>\nFoto 1: Lagarta de Diatraea saccharalis<\/em>, a broca da cana, parasitada por Cotesia flavipes<\/em>.<\/p><\/div>\nFoto 2: Orif\u00edcio feito pela broca no colmo da planta.<\/p><\/div>\n
Foto 3: Colmo atacado pela broca<\/p><\/div>\n
Fotos 4 e 5: ataque de Mahanarva<\/em> sp. As espumas s\u00e3o produzidas pelas ninfas da cigarrinha.<\/p><\/div>\n <\/p>\n
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