“O Café da Condessa é uma empresa inovadora, porque soube usar de estratégia para celebrar a sua cultura e tradição construindo um produto que, apesar de ser aparentemente igual ao de todo mundo, não pode ser copiado.”
A AgriBrasilis entrevistou uma expoente dessa nova geração, a idealizadora do Café da Condessa Maria Carolina Freire Roberto de Lima. Maria Carolina, 47 anos, formada arquiteta e urbanista, professora convidada do MBA de Agronegócio da Audencia Business School, em Nantes na França, vem de uma longa tradição de cafeicultores e decidiu criar a marca Condessa para unir a tradição do negócio da família a sua própria engenhosidade.
O café Condessa é um comércio de café torrado, em grãos e moído. A empresa é inovadora com um produto de alto nível para o mercado de luxo, aliando qualidade e design, assim ganhou a medalha de ouro no prêmio Brasil Design Awards (a Coca-Cola ficou com a medalha de prata e a Brahma com a medalha de bronze).Também ganhou o Pentawards em NY, na categoria “Coffee and Tea” e hoje a empresa faz parte do acervo do Guggenheim Museum em Nova York.
AgriBrasilis – Sua família se dedica ao cultivo de café há mais de 150 anos. Poderia contar um pouco sobre esta história?
Maria Carolina de Lima – São várias histórias entrelaçadas, intercaladas, embaraçadas.
Por parte de mãe sou a quinta geração de cafeicultores e por parte do meu avô paterno sou 8° geração e da minha avó paterna sou a 9° geração de cafeicultores.
É sempre bom lembrar que tradição não se vive, tradição se celebra. Gosto de falar isso, porque a pessoa que vive cotidianamente uma tradição parece acorrentada, sem livre arbítrio, anacrônica, presa em uma situação ou tempo que não existe mais. E a função da minha empresa é levar o café com toda a tradição para o futuro.
É necessário se esforçar para conseguir enxergar a linha tênue que separa o “viver” do “celebrar” na tradição. É preciso ter repertório, informação, cultura e optar pelo desenvolvimento pessoal. Utilizar das ciências humanas, como a filosofia, antropologia, sociologia, história etc e enxergar por fora. Daí tudo dá certo, porque cultura e tradição, usados de maneira adequada, é o que transforma qualquer coisa em especial.
AgriBrasilis – Como surgiu a ideia de industrializar o café?
Maria Carolina de Lima – Como sou herdeira das propriedades resolvi fazer algo que tivesse mais relação comigo. Ao invés de pertencer ao café, com a minha empresa, é o café que me pertence.
AgriBrasilis – O café usado para industrialização é 100% cultivo próprio ou também há fornecimento de terceiros?
Maria Carolina de Lima – O produto champagne é da região da champagne. O produto cognac é da região de cognac. O Café da Condessa é da Serra dos Lima, que é um conjunto de montanhas no sul de Minas, que leva o nome da minha família: Lima. Hoje é o café da fazenda, mas posso ampliar e comprar de outras fazendas dentro desse terroir.
É sempre bom lembrar que café especial não é café cru.
É um produto final com um alto padrão de qualidade.
AgriBrasilis – Como é o controle de qualidade, desde a colheita até a venda? A produção adota medidas sustentáveis?
Maria Carolina de Lima – Quando decidi abrir minha empresa queria que ela fosse uma ponte que ligasse a Fazenda ao consumidor. O correto seria chamar meu ramo de atividade “Ponte” ou “Guarda-chuva”, porque engloba várias atividades e muitos processos.
Não criei a empresa visando lucros, mas visando os processos, porque o lucro viria se o processo fosse aceito.
O que eu visava era o Fair Trade porque, apesar de hoje várias empresas apostarem nesse modelo, na prática a coisa é diferente. Então, já que ninguém fazia Fair Trade comigo eu resolvi fazer sozinha. E deu certo!
A característica do Café da Condessa é ter seu valor em si mesmo, e comunica isso de forma elegante, com calma e respeito.
Somos uma empresa brasileira, internacionalmente premiada, que lança tendências e um novo olhar sobre o que é nosso e como é feito.
AgriBrasilis – Quais os desafios para entrar neste mercado (de industrialização), onde os competidores são grandes empresas?
Maria Carolina de Lima – O Café da Condessa é uma empresa inovadora, porque soube usar de estratégia para celebrar a sua cultura e tradição construindo um produto que, apesar de ser aparentemente igual ao de todo mundo, não pode ser copiado.
A empresa inova, porque criou um produto inédito através de uma nova forma de olhar o café. Também alinhamos diálogo, troca de informações e transparência como base da inovação.
“Seja você e vire tendência” é uma das frases que define a empresa. Como nunca copiamos o que outras empresas fazem estamos sempre em uma posição pioneira.
AgriBrasilis – Quais as características de sabor do Café da Condessa?
Maria Carolina de Lima – O Café da Condessa é um café equilibrado, encorpado e com nuances de amêndoas.
AgriBrasilis – Qual sua mensagem para outros empreendedores?
Maria Carolina de Lima – Ideia é o que você tem na cabeça, Invenção é quando você materializa a sua ideia e Inovação é quando o público/mercado aceita a ideia que você materializou. Tento explicar que o Picasso não se tornou o Picasso por causa da tinta, mas ele usou a tinta para pintar seus quadros. E Café da Condessa não é inovadora por causa do café, mas usa o café para ser inovadora. Porque minha empresa para mim é uma plataforma que uso para expressar minhas ideias e opiniões.
LEIA MAIS:
