Escolha e tratamento de sementes de pastagem: guia para pecuaristas

“O TSI com base em calcário ou gesso tende a formar um acabamento muito mais pesado, menos uniforme, e mais frágil…”

Marina Lima é técnica de sementes e sustentabilidade na Sementes Oeste Paulista – SOESP, graduada em zootécnica pela UFRRJ, mestre e doutora em zootecnia pela UFV.

Marina Lima, técnica de sementes e sustentabilidade na SOESP


AgriBrasilis – O pecuarista está consciente da importância do tratamento de sementes de pastagem?

Marina Lima – De certa forma sim, mas a grande quantidade de tratamentos de sementes forrageiras disponíveis no mercado acaba muitas vezes gerando dúvidas para o produtor sobre a efetividade do tratamento, e cabe ao técnico de venda esclarecer sobre isso. Por isso, é importante adquirir sementes de qualidade, de empresas certificadas, e se atentar ao que de fato existe no tratamento aplicado à semente. Por exemplo, tem fungicida e inseticida? O tratamento tem como base polímero, ou calcário e gesso, ou é apenas uma semente com grafite? Esse é um exemplo de questionamento que o produtor deve fazer ao técnico de venda para entender de fato qual será o benefício no campo.

“É importante ter certeza de estar adquirindo sementes com alto valor cultural e dentro dos padrões de comercialização exigidos pelo MAPA”

AgriBrasilis – No que consiste o TSI – Tratamento de Sementes Industrial e quais são suas vantagens?

Marina Lima – É um processo tecnológico que permite adicionar agentes de proteção na semente, por exemplo: fungicida, inseticida e outros materiais que proporcionarão uma melhor sobrevida da semente no solo, protegendo-a do ataque de fungos, formigas e assim garantindo uma maior taxa de sucesso na germinação da semente. Além disso, sabendo escolher uma semente com um bom TSI, o produtor terá disponível um material com excelente plantabilidade, permitindo maiores faixas de plantio, distribuição uniforme, tratamento resistente e com maior custo x benefício.

AgriBrasilis – Por que são utilizados polímeros e grafite no tratamento de sementes?

Marina Lima – O polímero é utilizado para ajudar na adesão do fungicida e inseticida, além de possibilitar um tratamento leve, com acabamento fino e uniforme. Outra vantagem deste tratamento é a maior resistência ao estresse mecânico, ou seja, a semente não vai quebrar durante o plantio.

O grafite ajuda na “plantabilidade” do material, trazendo maior fluidez durante o plantio, pois diminui o atrito entre as sementes e a plantadeira, facilitando a distribuição.

AgriBrasilis – Quão efetivos são os tratamentos a base de calcário e gesso?

Marina Lima – O TSI com base em calcário ou gesso tende a formar um acabamento muito mais pesado, menos uniforme, e mais frágil. Esse excesso de tratamento, além de dificultar o plantio e a germinação da semente no campo, diminui bastante a quantidade de sementes na embalagem, pois quanto maior a proporção de calcário e gesso no tratamento, menor é a quantidade de sementes por kg.

AgriBrasilis – Quais são as características mais importantes na escolha de sementes para pastagem?

Marina Lima – O agricultor deve buscar empresas idôneas, já consolidadas no mercado. Ele não deve arriscar o sucesso da sua fazenda com materiais de procedência duvidosa. É importante ter certeza de estar adquirindo sementes com alto valor cultural e dentro dos padrões de comercialização exigidos pelo MAPA.

O TSI em sementes forrageiras é uma tecnologia disponível para os produtores e que apresenta um ótimo custo x benefício, porém é importante que o produtor saiba comparar as melhores opções do mercado, para não comprar “gato por lebre”. Compare os tratamentos quanto a sua uniformidade, resistência, proteção, plantabilidade e principalmente no custo do hectare formado. Existem diferentes TSI disponíveis no mercado, cada qual com sua recomendação em kg/ha, e essa escolha irá impactar diretamente no sucesso na formação da pastagem.

AgriBrasilis – Que cultivares são mais adaptadas para a formação de feno e silagem?

Marina Lima – Para produção de feno, é importante optar por forrageiras que tenham bom valor nutritivo e folhas e colmos mais finos, que irão promover rápida desidratação da forragem, como: Panicum maximum: Massai e BRS Tamani, Brachiaria decumbens, Brachiaria brizantha cv. BRS Piatã e Marandu. Para a produção de silagem, é importante optar por forrageiras de alta produção de massa seca e valor nutritivo, como as cultivares de Panicum maximum: BRS Zuri, BRS Quênia e Mombaça. Dentre as cultivares de Brachiaria brizantha, podemos destacar: BRS Piatã, Xaraés e Marandu.

AgriBrasilis – Como produzir forragem com maior valor nutritivo para os rebanhos?

Marina Lima – Cada forrageira tem as suas características, que são definidas quando os melhoristas desenvolvem uma nova cultivar. Porém, o manejo durante a formação da pastagem, como a adubação e o correto manejo do pastejo – ou seja, colher essa forragem no momento correto, respeitando a altura de entrada e saída dos animais – garantirá forragem com maior valor nutritivo aos animais.

AgriBrasilis – Que tecnologias e produtos são fornecidos pela SOESP?

Marina Lima – A SOESP comercializa sementes blindadas com a tecnologia Advanced, onde é aplicado dois fungicidas e um inseticida, o polímero e o grafite, garantindo uma maior proteção até sua germinação, além da alta pureza e viabilidade. Todo esse processo tecnológico assegura um valor cultural de 80% nas sementes de Brachiaria spp. e Panicum maximum. São mais de 15 cultivares forrageiras disponíveis em nosso portfólio. As sementes são comercializadas também na linha convencional.

 

LEIA MAIS:

Preservar a qualidade das sementes é um dos maiores desafios do setor sementeiro