“Os Estados Unidos importaram 92% a mais suco de laranja do Brasil, em equivalente concentrado…”
John Lin é chief business officer da Evera, nova unidade de ingredientes alimentícios da Citrosuco, focada no processamento de cascas da laranja, folhas, flores e sementes para produzir fibras e óleos que podem ser misturados em alimentos e bebidas. Esse mercado vale até US$ 12 bilhões por ano.
John Lin é engenheiro mecânico pela Universidade de São Paulo, foi CEO da Avon na China e no Canadá e diretor da BRF na China.
John Lin, chief business officer da Evera
AgriBrasilis – A receita das exportações brasileiras de suco de laranja cresceu 23,15% no primeiro trimestre da safra 2022/23. Que fatores motivaram esse crescimento?
John Lin – O melhor desempenho deve-se à demanda norte-americana por suco, que, por sua vez, está atrelada à intensa redução na produção de laranja na Flórida, em decorrência do greening e dos recentes problemas climáticos, como o furação que assolou a região recentemente. Esses fatores causaram a deterioração da qualidade do produto estado americano. Os Estados Unidos importaram 92% a mais suco de laranja do Brasil, em equivalente concentrado, nesse período.
Estimamos que os prejuízos causados pelo furacão para a produção dos EUA devem continuar sendo percebidos ao longo dos próximos meses.
AgriBrasilis – Quais os principais destinos do suco de laranja brasileiro? Quanto desse suco é do tipo congelado, concentrado ou pronto para beber?
John Lin – A Europa, os Estado Unidos, a China e o Japão estão entre os principais destinos das exportações brasileiras de suco de laranja, de acordo com a CitrusBR.
A Europa continua sendo o principal mercado das exportações brasileiras, com uma participação de 65,03%, seguida de Estados Unidos (23,23%), China (5,56%), Japão (2,90%) e Austrália (1,22%). Outros destinos representam 2,06%.
AgriBrasilis – O que a suspensão da tarifa incidente sobre importações de suco do Reino Unido representa para o setor?
John Lin – A decisão do governo britânico pode beneficiar os embarques de suco de laranja brasileiro para o Reino Unido. Para se ter uma ideia, a Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR) acredita que será possível que o país no mínimo mantenha as vendas das últimas três safras e economize aproximadamente US$ 5 milhões nos dois anos de isenção tarifária. Acreditamos que é uma boa oportunidade para as companhias brasileiras ganharem espaço no solo britânico, já que o Reino Unido é o terceiro principal mercado consumidor de suco de laranja da Europa, atrás de Alemanha e França.
AgriBrasilis – O plano da Citrosuco é utilizar apenas laranjas “100% sustentáveis” até 2030. No que consiste uma produção 100% sustentável? Como apoiar os fornecedores para realizar essa transição?
John Lin – A Citrosuco já conta com 100% das suas fazendas com certificação SAI (nível Gold), o que corresponde a 62% do volume total das frutas certificadas.
O reconhecimento de uma produção sustentável é baseado em certificações internacionalmente conhecidas, como a Plataforma da Iniciativa de Agricultura Sustentável (SAI Platform), uma iniciativa global da indústria que ajuda empresas de alimentos e bebidas a adquirirem matérias-primas agrícolas cultivadas de forma sustentável.
A Citrosuco mantém desde 2015 o Programa Trilhar, com o objetivo de desenvolver práticas socioambientais e produtivas da cadeia de fornecimento de frutas. O programa, que dispõe de suporte técnico em campo, envolve fornecedores de fruta, comunidades e governos locais, clientes e organizações da sociedade civil. Em parceria com nossos produtores, alcançamos mais de 100 fazendas de terceiros auditadas em pelo menos um padrão de agricultura sustentável – SAI Platform, Rainforest Alliance ou Fairtrade.
Nesse sentido, a Evera, nova unidade de negócios da Citrosuco, nasceu da consciência e responsabilidade da empresa em aproveitar 100% do produto para desenvolver soluções mais saudáveis e sustentáveis para a indústria de alimentos e bebidas, bem como para seus consumidores ao redor do mundo. A operação da Evera começa com faturamento anual de US$ 150 milhões e a nossa ambição é que, em cinco anos, a unidade se torne uma empresa independente – uma das maiores companhias especializadas no desenvolvimento de ingredientes naturais a partir de tecnologia e inovação.