Irrigação digitalizada reduz consumo de água e energia

Publicado em: 19 de dezembro de 2022

“É possível economizar água e energia utilizando a irrigação digitalizada por se entender como a água está sendo disponibilizada para a cultura e conseguir irrigar apenas quando necessário.”

Fabiane Kuhn é CEO da Raks Tecnologia Agrícola, técnica em eletrônica e bacharel em ciência da computação.

A Raks Tecnologia Agrícola é uma startup fundada em 2017 que desenvolve tecnologias para melhorar a produtividade no setor agrícola e reduzir o desperdício de recursos no campo.

Fabiane Kuhn, CEO da Raks Tecnologia Agrícola


AgriBrasilis – O que é irrigação digitalizada? Para quais culturas é apropriada?
Fabiane Kuhn –
A irrigação permite que se tenha maior resiliência climática, eliminando a total dependência da chuva para o desenvolvimento da cultura em campo. Estudos indicam que o cultivo irrigado permite uma produção até duas vezes superior ao sequeiro. Um grande exemplo disso é o feijão irrigado. Segundo a Agência Nacional de Águas, a produtividade da cultura do feijão aumenta de 1.290kg/ha em sequeiro para 2.530kg/ha ao se utilizar manejo irrigado.

A digitalização da irrigação permite expandir ainda mais a rentabilidade, permitindo que seja adicionada apenas a água necessária para o desenvolvimento da cultura, levando em consideração seu estágio de crescimento e demanda hídrica, além das características de solo. A melhoria na eficiência de irrigação faz com que se economize água e energia, proporcionando a condição ideal de umidade para que a planta desenvolva o máximo do seu potencial.

A irrigação digitalizada é indicada para toda e qualquer lavoura que possua irrigação por microaspersão, gotejamento, pivô central, carretel e aspersão. Quanto maior o nível de refino tecnológico, melhores serão os resultados no final da safra.

É possível economizar água e energia utilizando a irrigação digitalizada por se entender como a água está sendo disponibilizada para a cultura e conseguir irrigar apenas quando necessário. Hoje temos casos onde a economia foi de 30%, permitindo um aumento significativo na rentabilidade da lavoura.

AgriBrasilis – Como é possível aferir o momento adequado e a quantidade de água necessárias para a irrigação?
Fabiane Kuhn – Para aferir o momento adequado de irrigar é necessário levar em consideração quatro principais aspectos. O primeiro deles é o tipo de solo, visto que as características de retenção de água são diferentes de acordo com a composição do solo. No Brasil, existem mais de 14 tipos de solo. Muitas vezes, dentro da mesma propriedade, conseguimos encontrar grande diversidade, então precisamos considerar esse aspecto no momento de indicar a irrigação.

O segundo aspecto é a própria cultura, visto que cada planta possui sua demanda hídrica e dentro da mesma cultura ainda existem variações dessa demanda de acordo com a fase da planta, seu estádio fenológico. O terceiro aspecto que devemos levar em consideração é a capacidade de operação do sistema de irrigação, como a vazão, as restrições energéticas e eficiência.

Também precisamos considerar o aspecto climático, que possui um papel significativo no processo, visto que podemos evitar ou reduzir irrigações em momentos de chuva. Sendo assim, com um sistema que monitore a umidade do solo e entenda como essa água está sendo disponibilizada para a planta, é possível relacionar qual a demanda que deve ser complementada com a irrigação para que sempre se tenha água facilmente disponível para consumo da cultura.

A produtividade é afetada tanto pelo excesso quanto pela falta de água, pois a planta passa por pontos de estresse em ambos os casos. Nesse sentido, podem existir diferenças de produtividade ante o método tradicional. Contudo, essa diferença será mais notada em propriedades que submetem a cultura a esses cenários de forma frequente.

AgriBrasilis – Para que dimensão de propriedades a senhora recomenda a irrigação digitalizada?
Fabiane Kuhn – Atualmente já temos clientes de pequeno, médio e grande porte, trabalhando desde propriedades de 0,2ha até locais com 1.200ha irrigados. O custo-benefício fica vantajoso para todos os cenários, em diferentes culturas.

A Raks trabalha com um modelo de prestação de serviços, que engloba todos os equipamentos de umidade do solo TDR (Reflectometria no Domínio do Tempo) instalados em campo, além da plataforma de manejo e suporte agronômico. O valor do serviço varia de acordo com o tamanho da propriedade, o tipo de cultura e zonas de irrigação.

Sensores para aferição de umidade