Produção de bioinsumos on farm reduz custos com agrotóxicos

bioinsumos on farm

“Produzir on farm demanda menos logística, já que toda a multiplicação ocorre na propriedade e os bioinsumos, além de sustentáveis e auxiliarem com a regeneração do solo, são mais baratos…”

Maurício Schneider é cofundador e Chief Revenue Officer da Solubio Tecnologias Agrícolas. Schneider é bacharel em administração de empresas pela Universidade Federal de Santa Maria, empreendedor da Endeavor e foi vice-presidente mundial da Association Internationale des Etudiants en Sciences Economiques et Commerciales – AIESEC.

SoluBio é uma empresa de biotecnologia criada em 2016 focada na produção de bioinsumos on farm, oferecendo tecnologia integrada com padrão industrial, equipamentos, insumos, controle de qualidade, treinamento e assistência técnica.

Maurício Schneider, cofundador e Chief Revenue Officer da Solubio

AgriBrasilis – O que são bioinsumos e qual é o mercado potencial para esses produtos?

Maurício Schneider – Bioinsumos são produtos específicos e naturais à base de microrganismos (bactérias, fungos, vírus, etc.), macro organismos (parasitoides e predadores), ou derivados, utilizados para o crescimento de plantas, solubilização de nutrientes, manejo de pragas e doenças, e suplementação animal.

Todo agricultor no Brasil representa um mercado em potencial para os bionsumos. Podemos citar, por exemplo, produtores de cana-de-açúcar, milho, hortifruti, café, dentre outros. As fazendas podem se beneficiar com a utilização de bioinsumos de diversas formas, principalmente em matéria de economia e sustentabilidade.

Os bioinsumos mais utilizados são os nematicidas, inseticidas, inoculantes, solubilizadores e indutores de resistência, nessa ordem. Tradicionalmente, os microrganismos mais utilizados na agricultura são:

  • Bacillus thuringiensis (BT) – É um bioinseticida bastante utilizado na agricultura e um dos grandes trabalhos da Embrapa;
  • Inoculantes – Para melhorar o solo e o enraizamento.  O Bradyrhizobium, por exemplo, é bastante utilizado;
  • Solubilizadores de fósforo – Muito utilizado, até porque a Embrapa fomentou isso. Temos o Megatherium, que é um dos principais solubilizadores;
  • Fungicida – O Bacillus subtilis é bastante utilizado e tem vários produtos comerciais.bioinsumos solubio

AgriBrasilis – Como é realizada produção de defensivos biológicos on farm? Quais são as precauções, riscos e benefícios?

Maurício Schneider – A produção dos insumos biológicos on farm é aquela que acontece dentro da própria fazenda. Ao receber o insumo biológico da SoluBio, o produtor consegue multiplicá-lo em sua biofábrica on farm e aplicar em sua lavoura, tendo uma produção própria.

O processo consiste na montagem de estruturas em isopainéis de padrão industrial onde se instalam os maquinários, feitos 100% de aço inox, além de equipamentos para o controle de temperatura, injeção de ar e filtros microbiológicos, que garantem o grau de pureza na produção concentrada de bioinsumos.  As principais vantagens são: o produtor fica livre de qualquer questão que possa prejudicar o envio de insumos e se torna praticamente autossuficiente; ocorre redução das emissões de gases de efeito estufa por não haver necessidade de transporte; a produção não precisa ser interrompida e não depende mais de produtos importados, que podem sofrer grandes alterações de preços.

As principais precauções são voltadas para a não ocorrência de contaminações externas nos bioinsumos, pois elas podem causar a perda de bactérias ou fungos ou interferir na qualidade. Por isso, é essencial o cuidado com a assepsia do local, a água utilizada nos tanques, etc. A SoluBio tem uma equipe técnica que acompanha essa parte.

Se comparado ao uso de químicos, os bioinsumos não possuem grandes riscos ligados à saúde dos produtores e seus colaboradores.

O papel do produtor no sistema on farm é ser um promotor das boas práticas de produção; ter a responsabilidade de selecionar as tecnologias certas para a própria realidade produtiva; pensar a longo prazo e avaliar os resultados e ampliar o próprio conhecimento sobre o manejo, para que ele possa ir aumentando o uso dos bioinsumos de produção própria; compartilhar as informações e os resultados, assim como os erros, para que o pessoal preste atenção no que pode dar errado; e participar dos fóruns e debates públicos sobre a tecnologia on farm, sobre legislação e questões técnicas, como Congresso da Soja, Congresso do Algodão, etc.

AgriBrasilis –  Como é possível a redução de custos em até 70% prometida pela empresa através do sistema on farm?

Maurício Schneider – É possível essa redução porque o produtor não depende mais de produtos importados. Por exemplo, com as tensões entre Rússia e Ucrânia, muitos produtores que dependem de químicos tiveram que investir mais para continuar com sua produção sem interrupções.

Produzir on farm demanda menos logística, já que toda a multiplicação ocorre na propriedade e os bioinsumos, além de sustentáveis e auxiliarem com a regeneração do solo, são mais baratos e eficientes.

AgriBrasilis – A utilização de bioinsumos reduz as aplicações de agrotóxicos convencionais? Em quanto? 

Maurício Schneider – Sim, além de eficazes no manejo de pragas, os bioinsumos são específicos. É possível aplicar apenas para uma funcionalidade, sem interferir em outras questões. Não há este mesmo controle com os químicos, então acaba se gastando mais e sendo menos eficaz, sem contar a probabilidade de degradação do solo. É possível realizar a redução do uso de agrotóxicos convencionais em até 70% em alguns casos. (Fonte)

AgriBrasilis – Quais os passos que trouxeram o título de novo “unicórnio” para a startup SoluBio? 

Maurício Schneider – O primeiro passo foi o comprometimento. Precisamos nos comprometer com aquilo que acreditamos e montamos uma equipe com esse mesmo pensamento. Quando digo isso, estou falando que a empresa inteira está focada no mesmo objetivo, se dedicando ao máximo, pois acreditam no que estão fazendo.
Sempre tivemos conosco profissionais altamente qualificados, então apostamos neles, na experiência que entregamos e em viver aquilo que pregamos, com valores como ESG.
Posso dizer que também nunca tivemos medo do novo, e sempre nos apoiamos em algo que realmente funciona e fará a diferença para o mundo.

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