“Verificamos que 100% das aplicações acompanham adjuvantes, o problema é que muitas vezes o adjuvante utilizado não é o adequado.”
Anderson Luis Nunes é engenheiro agrônomo, doutor em fitotecnia, professor no Instituto Federal do Rio Grande do Sul e líder do Grupo de Ecofisiologia e Manejo de Plantas Daninhas.

Anderson Luis Nunes, professor no Instituto Federal do Rio Grande do Sul.
O manejo de plantas daninhas fica cada vez mais complicado a cada safra que passa. O banimento do paraquat deixou o cenário mais complexo, principalmente com relação ao controle de plantas daninhas de folha estreita.
Aguardamos novas tecnologias e as usamos assim que disponíveis, com o objetivo de mitigar a redução de produtividade causada pelas plantas daninhas. Entretanto, acabamos esquecendo das boas e velhas práticas de controle. Uma dessas práticas de control é o uso correto dos adjuvantes.
No cenário atual de manejo de plantas daninhas de difícil controle, o uso do adjuvante correto permite aumento de performance do herbicida sobre a planta indesejada. Verificamos que 100% das aplicações acompanham adjuvantes, o problema é que muitas vezes o adjuvante utilizado não é o adequado. O primeiro ponto é que os adjuvantes não são todos iguais.
Óleo mineral ou vegetal não á a mesma coisa que surfactante, apesar de ambos serem adjuvantes. Adjuvante é qualquer tipo de substância, sem efeito herbicida, que adicionada à calda de pulverização proporciona aumento de eficácia da aplicação.
Todo surfactante é um adjuvante, mas nem todo adjuvante é um surfactante. Existem herbicidas em que a bula solicita a adição de surfactantes e outros herbicidas necessitam da adição de óleos.
Quando acreditamos que adjuvantes são todos iguais, começamos a adicionar óleo no lugar de surfactante ou vice-versa. Na figura 1, verificamos que o herbicida quizalofop possui elevado controle de gramíneas quando utilizado combinado com óleos, mas seu controle reduz quando usamos surfactantes. O contrário acontece com o glifosato.

Uso incorreto de adjuvantes se torna problema principalmente no cenário de plantas daninhas de difícil controle, onde a aplicação do herbicida ocorre fora do estádio ideal de controle e/ou ainda quando condições do ambiente não são adequadas para a aspersão do herbicida.
A adição do adjuvante correto proporcionará incremento de eficácia do herbicida. Parte do problema está no fato que não existe uma regra de quando deve-se utilizar óleo ou surfactante. Varia de herbicida para herbicida. A informação sempre deve ser consultada na bula do produto.
Existem herbicidas que não necessitam da adição de adjuvantes, pois o adjuvante mais apropriado já foi adicionado durante o processo de fabricação. Atualmente, existe uma tendência de aumento desse tipo de situação, pois além de ser um diferencial de mercado, a indústria fabricante garante melhor a eficiência do produto.
Na figura 2, verificamos a rapidez em que a nova formulação de clethodim controla plantas de azevém, em comparação com formulação convencional, onde se faz necessária a adição do adjuvante no momento de preparo da calda. Nas duas imagens, o único fator que varia é o tipo adjuvante, já que a quantidade do ingrediente ativo (clethodim) é a mesma.
Ainda, existem outros tipos de adjuvantes além dos óleos e surfactantes, como por exemplo, os anti-espumantes e os redutores de pH. Os redutores são uma importante ferramenta, pois estudos mostram que praticamente toda água utilizada para aspersão de agrotóxicos no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, por exemplo, possui pH acima do recomendado.

Redutores de pH são importantes principalmente em aplicações onde os herbicidas glifosato, 2,4-D e alguns graminicidas estão envolvidos. Na figura 3, verifica-se que a redução do pH da calda de 6,8 para 5,0 faz com que 1 litro de glifosato no pH 5,0 tenha o mesmo nível de controle que 2 litros de glifosato no pH 6,8.
É necessária a conscientização de técnicos e produtores sobre o uso do adjuvante correto. Os herbicidas terão melhor performance contra as plantas daninhas de difícil controle.

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