Desafios e expectativas para o algodão baiano

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Publicado em: 20 de maio de 2021

Relatórios do USDA estimam que entre 2021 e 2022 a demanda por algodão começará a se recuperar após os impactos da Covid, e será maior que a produção, devendo diminuir os estoques mundiais.

Alessandra Zanotto Costa produtora algodão Bahia Brasil

Alessandra Zanotto Costa produtora de algodão na Bahia

De acordo com a Conab, a área plantada no Brasil caiu cerca de 16%, perdendo espaço para a soja e para o milho. O atraso da safra de soja deslocou o plantio do algodão para fora da janela ideal.
O Brasil é um importante player no mercado e dentro dele, a Bahia é o segundo maior produtor de algodão do Brasil, tendo plantado 266.912 hectares na safra 2020/2021.
A AgriBrasilis entrevistou Alessandra Zanotto Costa – Produtora rural e vice-presidente da Associação Baiana dos Produtores de Algodão – Abapa.


AgriBrasilis – O que faz da Bahia o segundo maior produtor de algodão do país?
Alessandra Zanotto Costa – Em primeiro lugar, a área plantada. Na safra 2020/2021, a Bahia plantou 266.912 hectares, atrás apenas do Mato Grosso (950 mil hectares) e à frente de Goiás (27,3 mil hectares). Mas existe ainda um fator relevante para o excelente desempenho da cotonicultura baiana que é a produtividade. O estado tem média de produtividade superior à nacional, que já está entre as maiores do mundo no cômputo geral, e na liderança, quando se considera apenas a produção em sequeiro. Na Bahia, colhem-se 1.845 quilos de pluma por hectare, contra 1.784 apurados no Brasil.

AgriBrasilis – Qual a rentabilidade por hectare? Quais os insumos que mais pesam no custo de produção?
Alessandra Zanotto Costa – É difícil falar em rentabilidade por hectare, pois este é um número atrelado, principalmente, a três fatores: custo de produção, produtividade e preço de mercado. Custo de produção depende, dentre outras coisas, do quanto se investe em tecnologia, do número de aplicações de defensivos etc. Isso muda muito de produtor para produtor. Da mesma forma, a produtividade, sobre a qual, além dos investimentos que são feitos e da técnica, também influi o clima. Mesmo o mercado, que, em linhas gerais, é o mesmo para todos os produtores, pode pagar mais ou menos a um produtor em função da qualidade do produto. A título de parâmetro, podemos falar numa rentabilidade EBITDA de 30%, mas não é um número estanque. Defensivos e fertilizantes são os que pesam mais no custo.

AgriBrasilis – Quais as pragas mais comuns e quais os produtos mais utilizados para controle?
Alessandra Zanotto Costa – O algodoeiro é atacado por um número grande de pragas e também de doenças. Dentre as pragas, o bicudo-do-algodoeiro continua sendo o pior inimigo das lavouras de algodão, desde que chegou no Brasil, em 1983 e quase erradicou a cotonicultura como atividade econômica no país. Contra ele é preciso controle intensivo com inseticidas e técnicas agronômicas como a destruição de soqueiras e de tigueras, com manejo químico e mecânico, além de rotação de culturas e do cumprimento do vazio sanitário. O complexo de lagartas também causa grande dor de cabeça. Alguns anos atrás, o surgimento da helicoverpa trouxe prejuízos bilionários, pois ela era desconhecida dos produtores e técnicos. Hoje ela está sob controle, e isso é feito tanto com químicos inseticidas, como com materiais genéticos resistentes e também com tecnologias biológicas, como vírus e bactérias. Nesta safra, a maior pressão tem sido por conta da lagarta spodóptera. Outras pragas como o pulgão, ácaro e mosca-branca também exigem muita atenção. Dentre as doenças, as mais relevantes são a mancha de ramulária e os nematoides.

AgriBrasilis – Que novas tecnologias são empregadas?
Alessandra Zanotto Costa – O manejo integrado de pragas e doenças tem sido a chave da sustentabilidade na cotonicultura e nessa matriz estão os materiais genéticos, os defensivos químicos, os tratos culturais, e, cada vez mais presentes, os métodos de controle biológico. O uso consorciado de todas essas tecnologias tem se mostrado o mais eficaz.

AgriBrasilis – Qual a previsão da safra deste ano?
Alessandra Zanotto Costa – De acordo com o levantamento mais recente, serão 492.453 toneladas de pluma na safra que começa a ser colhida em breve.