Jorge Giraudo, diretor executivo de OCLA fala sobre o mercado lácteo na Argentina

A AgriBrasilis entrevistou Jorge Giraudo, diretor executivo do Observatório da Cadeia Láctea Argentina (OCLA).
AgriBrasilis – Qual a produção e a renda gerada da indústria leiteira argentina?
Jorge Giraudo – Na Argentina foram produzidos 11,113 bilhões de litros de leite no ano de 2020, o que representa um crescimento de 7,4% em relação ao ano anterior.
Essa produção foi obtida com 10.200 unidades produtivas e 1,5 milhões de vacas.
A cadeia láctea gera um valor anual de U$9.5 bilhões
AgriBrasilis – Em 2015/16 a indústria leiteira sofreu com uma grande desvalorização da qual ainda não se recuperou completamente. Quais medidas o governo argentino tem tomado para reverter esta situação?
Jorge Giraudo – Desta data para cá, vários eventos ocorreram na economia argentina, um atraso na taxa de câmbio, depois grandes desvalorizações, altos níveis de inflação, altas taxas de juros, forte pressão tributária, distorção de preços relativos, etc. Essas questões são uma constante na macroeconomia em função do grande déficit fiscal apresentado pelas contas nacionais e que fazem com que todos os setores da economia percam competitividade.
AgriBrasilis – Com o aumento dos custos de produção, os produtores têm conseguido lucrar com a produção de leite?
Jorge Giraudo – A Argentina possui um dos menores custos de produção de leite do mundo, suas características produtivas como a maior presença de gramíneas na dieta dos rebanhos leiteiros e tamanho das unidades produtivas (fazendas leiteiras) bem acima da média mundial permitem alcançar importantes economias de escala e produtividade, mas nos últimos anos (os custos) têm crescido porque muitos insumos estão atrelados à variação da taxa de câmbio e altas taxas de inflação.
Apesar de todas essas condições desfavoráveis, a alta resiliência do produtor médio de laticínios argentino permite que ele mantenha altos volumes de produção, de qualidade, com boa produtividade, apesar das adversidades. Situação semelhante apresenta a indústria de laticínios.
AgriBrasilis – Quais os principais problemas na produção leiteira?
Jorge Giraudo – A Argentina tem muitas vantagens comparativas (território, qualidade do solo, disponibilidade de água, clima temperado, conhecimento do negócio, mão de obra disponível, etc.) mas carece de condições competitivas devido à fragilidade de sua macroeconomia que não permite capitalizar sobre essas vantagens.
AgriBrasilis – Qual a importância dos produtos de exportação do mercado lácteo na Argentina? Quanto eles representam na produção total?
Jorge Giraudo – As exportações de produtos lácteos da Argentina representam uma média anual de 25% do destino total do leite. Em 2020, foram exportados aproximadamente 3 bilhões de litros de leite, ou 400 mil toneladas de produtos no valor de US$ 1,2 bilhão.
O principal produto de exportação é o leite em pó integral (52% da receita total das exportações), sendo o principal destino de nossas exportações o Brasil (1/3 do total), seguido de perto pela Argélia, Rússia e mais de 20 outros destinos.
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