Drones na agricultura colombiana

Publicado em: 14 de janeiro de 2021

Fernando Escobar, especialista em uso de sensores multiespectrais promove panorama geral na Colômbia

O uso de sensores multiespectrais sobre as plantações tem gerado mapas ricos em grande volume de dados, que necessitam de avançadas técnicas matemáticas para serem processados.

Aos poucos, drones se confundem cada vez mais com os conceitos de agricultura de precisão, tornando-se uma ótima ferramenta no auxílio da tomada de decisões.

Desta forma, Fernando Escobar, engenheiro industrial especializado em engenharia de operações, atualmente gerente geral da empresa colombiana Advector, concedeu a seguinte entrevista sobre a temática à AgriBrasilis.

 


 

AgriBrasilis – Quais são as principais características do mercado de drones na agricultura da Colômbia?

Fernando Escobar – A agricultura colombiana é muito variada em termos de culturas e variações térmicas. A maior parte das lavouras é de pequeno porte, baixa tecnologia, manejo muito tradicional e com baixíssimo nível de lucro; por isso, pouco se destina ao investimento em tecnologia.

Apesar de existirem algumas associações internacionais e nacionais como a Sociedade de Agricultores da Colômbia, a Fedepalma e a Asocaña, a grande maioria dos agricultores e produtores pertencem a associações locais, tornando o mercado muito fragmentado e dificultando o trabalho comercial e operacional.

Atualmente, os drones estão sendo mais utilizados em lavouras de cana-de-açúcar, arroz, palma e banana. Sua principal aplicação é na medição de áreas, planejamento de safras, análises fitossanitárias com índices NDVI e na fumigação. A área em que mais utiliza é a do Valle del Cauca, Tolima, Urabá e Llanos Orientales.

 

AgriBrasilis – Como a empresa atua na agricultura?
Fernando Escobar – Começamos em 2013 e nosso esforço tem se concentrado em pesquisar e integrar as tecnologias e sensores à disposição de nossas equipes, buscando obter informações com suporte técnico e útil para nossos clientes.

Oferecemos informações úteis para as diferentes fases do desenvolvimento das culturas, tais como: a preparação de mapas para medir áreas e limites da propriedade, mapas de uso do solo e mapas topográficos úteis para o desenho e planejamento de culturas e sistemas de irrigação.

Realizamos algoritmos para identificação de despovoamentos, inventários florestais e captura de imagens multiespectrais ou térmicas para a elaboração de índices vegetais, como o NDVI.

 

AgriBrasilis – Existe algum impedimento na legislação que regula o espaço aéreo do país?

Fernando Escobar – A Aeronáutica Civil Colombiana regula o uso de drones desde 2015 com a Circular Regulamentar 002 e desta forma incluiu definições, escopo, requisitos e restrições no Regulamento Aeronáutico Colombiano RAC 91 Anexo 13.

O referido regulamento está, em termos gerais, na mesma linha que a maioria das leis do mundo. Classificando os drones em categorias com base em seu peso e uso.

Drones Classe A são aqueles que têm entre 250 g e 25 kg e que são usados para capturar imagens (fotografia e vídeo) que não excedam uma altura de voo de 400 pés ou voem além de 500 m do operador, não podem operar em público ou dentro do raio de um aeroporto.

Nessa categoria, eles classificam os equipamentos para fotogrametria ou inspeção de safras com câmeras especializadas. Os equipamentos Classe A são da categoria “Aberto” e não requerem autorização da Aeronáutica Civil. Quanto ao uso de drones para fumigação, o regulamento classifica os equipamentos para seu uso como Classe B, e é regulamentado, ou seja, requer autorização expressa desta entidade. Para esta categoria, o equipamento pode ter peso máximo de decolagem de 150 kg, altura máxima de 400 pés, raio de operação de 750 m e não pode operar em um raio de 9 km de distância de um aeroporto ou sobre pessoas.

O pedido de autorização exige que a empresa ou pessoa esteja cadastrada em banco de dados administrado pela Aeronáutica Civil, possua certificado de operador de drone ou curso de piloto em centro de treinamento autorizado, aplicação de Responsabilidade Civil Extracontratual com limite de responsabilidade equivalente a 33.333 programas do ouro – um Manual de Operação e Manutenção com algumas orientações dadas na circular e obedece ao procedimento descrito neste mesmo documento regulamentar.

 

AgriBrasilis – Quais são as principais barreiras que atrasam o desenvolvimento deste mercado?

Fernando Escobar – As principais barreiras são:

1) Baixos níveis de investimento e rentabilidade no setor agrícola.

2) Preferência por métodos tradicionais ou ancestrais e pouca (ou baixa) adoção de tecnologia.

3) Existem empresas ou pessoas que prestam serviços com drones sem ter suporte ou conhecimento técnico, gerando falsas expectativas, com suas consequentes violações e perda de credibilidade na tecnologia.

4) Os sensores ainda são um tanto limitados quanto às informações que podem receber e seu peso, tamanho e relação de custo. Ou seja, os sensores que podem receber informações suficientes são muito grandes para serem carregados em drones ou muito caros.

5) Ainda existe uma grande dependência do complemento com as informações colhidas no campo, por isso a utilização de drones ainda não é um produto final e completo, útil para o agricultor. As metodologias existentes não são “universais” e devem ser adaptadas a cada cultura e a cada território, o que evita a superlotação.