Agricultura 4.0: Otimização da bovinocultura a pasto

Courtesy of André Shimohiro / ADAMA
Publicado em: 9 de novembro de 2020

Empresários contam sua visão sobre a produção animal a pasto no Brasil.

 

A produção bovina no Brasil é dada majoritariamente a pasto, calcula-se que 95% das cabeças estejam sobre regime extensivo, além do fato de que atualmente há em torno de 200 milhões de hectares de pastagens nativas ou implantadas por todo território nacional, cujas estimativas apontam que 130 milhões estejam degradados e necessitem de alguma intervenção profissional¹.

Por outro lado a bovinocultura brasileira continua batendo recordes ano após ano, desta forma a AgriBrasilis entrevistou dois do sócios fundadores da Gerente de Pasto para fornecer um panorama sobre a o sistema produtivo brasileiro.

Edmar Peluso e Shigueo Iwamoto são zootecnistas, ambos graduados e pós graduados pela Universidade Estadual de Maringá na área de produção animal a pasto e atualmente atendem projetos de cria, recria e engorda e ciclo completo no Brasil e América Latina.

 

 

AgriBrasilis – O Brasil tem assumido a posição de maior rebanho comercial do mundo. O produto brasileiro é competitivo internacionalmente? O que pode ser feito para promove-lo?
E. Peluso e S. Iwamoto – Exaltar com números e consistência a sustentabilidade da produção pecuária brasileira, que é baseada em grande parte à pasto, transformando, materiais fibrosos (forragem) em proteína de alto valor para consumo humano, e ao mesmo tempo que mantendo mais de 60% de sua vegetação nativa preservada.

O produtor é o maior conservador de áreas de mata nativa no país, e produção pecuária ocorre mesmo com toda essa vegetação conservada, portanto, deve-se fazer diferenciação clara entre produtor rural e criminoso ambiental. O primeiro produz alimento seguro, protege cursos d’água, fauna e a flora, o segundo é fora da lei.

AgriBrasilis – O cenário da pecuária nacional mudou ao longo do tempo, como a produção animal a pasto tem se profissionalizado?
E. Peluso e S. Iwamoto – De fato, o cenário da pecuária modificou muito e nos últimos 20 anos a margem de lucro vem sendo cada vez mais pressionada. O custo fixo se tornou o grande vilão da pecuária e aumentar a taxa de lotação e o ganho de peso animal na fazenda passaram a ser imprescindíveis para o resultado financeiro positivo.

E é justamente nesse ponto que o bom manejo de pastagens se encaixa, pois permite elevação no ganho de peso dos animais ao mesmo tempo que se explora a capacidade de suporte das pastagens sem acréscimo significativo no desembolso. Com base nesse cenário, surgiram nos últimos anos diversos softwares para auxiliar no manejo de pastagens, dentre eles o software Gerente de Pasto que vem para apoiar um método consolidado desde 2002 de gestão de pastagens que usa métricas indiretas, ou seja, sem a necessidade mensurações de altura do pasto ou de cortar capim para estimar a massa de forragem presente no pasto, e ainda estimar o rebrote para próximos períodos
de safra.

Nosso método consiste em gerenciar 100% das áreas de pastagens da fazenda, buscando oferecer a melhor estrutura de pasto possível para os animais, ao mesmo tempo em que nos certificamos que os animais têm água e suplementos em níveis adequados.

 

 

AgriBrasilis – Como a automatização das fazendas pecuárias pode contribuir para a produção?
E. Peluso e S. Iwamoto – Automatização entrega assertividade e redução do tempo necessário para efetivação de uma mesma tarefa. O aumento de produtividade é consequência de decisões acertadas baseadas em dados sólidos e tomadas em tempo hábil e da execução bem feita das recomendações referentes ao processo produtivo à pasto e em confinamento.

A tecnologia nos permite avaliar e transformar em números todas as áreas de pastagens da fazenda, criando histórico de utilização de cada pasto e como cada área reagiu a determinado estímulo. Outro ponto positivo da automação é a capacidade de transmitir recomendações e verificar se o recomendado está sendo executado de forma correta ou não. E a sucessão de manejos bem feitos entregará sucesso em gestão de pastagens.

Nota:
¹Embrapa